sábado, 27 de agosto de 2011

Educação, insignificante educação


“Quem quer dar aula faz isso por gosto e não pelo salário. Se quer ganhar melhor, pede demissão e vai para o ensino privado”. Cid Gomes, governador do Ceará. “A declaração é ainda mais infeliz, se levarmos em conta que as escolas privadas do estado, pagam ainda menos que o governo”, completou o professor Juscelino Linhares.

Problema do Ceará, apenas?
Brasil é país rico, porém subdesenvolvido, em que o ensino fundamental, médio e superior, não passam de um texto bonito insculpido nos artigos 205 a 214 da Constituição Federal de 1988.
Interessante é perceber que na greve de professores, as negociações não ultrapassam a unidade. Todavia, no fim do ano passado o aumento salarial de parlamentares e integrantes do Executivo teve reajustes que variam de 62% a 140%. A greve dos professores, também, seria desnecessária, se os reajustes fossem concedidos em votação simbólica.
Afinal, no critério importância, os professores são merecedores. No entanto, os governantes querem mártires e não seres humanos. Ensina-se por amor e por escolha. E se é político obrigado? Onde está a gratidão pelo “volksgeist”?
O governo anuncia:  A criação de quatro universidades federais, a abertura de 47 campus universitários, e que a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica terá 208 novas unidades. Obras essas que antes de inauguradas apresentarão infiltrações, como todas as outras e facilitarão o desvio de verba pública. Estrutura física é mega importante, mas o barro não substitui o homem.
Quando estava no ensino médio, uma professora disse em sala: “Mesmo com todos os problemas do ensino público, ensinar a vocês é mais gratificante. Vocês, estão aqui por vontade. Na rede particular, não temos alunos, temos clientes.” Neste diapasão, a polêmica não se limita ao vil metal, mas sim no desandar do sentido educação. O ensino particular, prepara máquinas que se converterão em números, espalhados em outdoor por toda cidade. Os meios de comunicações estão devassados. O conhecimento, já não é tão irresistível.
Procuremos culpados para negligência com a educação. Pobres e analfabetos que vendem o voto, e elegem políticos que utilizam-se da falácia do tripé – educação, saúde e segurança? Porém, de que serve a dita “consciência política” dos esclarecidos, se a escolha é a mesma?
Procuremos solução. Greve! Bem, no primeiro dia de aula desse semestre na UFAL (Universidade Federal de Alagoas), houve paralisação. Na aula de Direito do Trabalho, o professor aproveitou o ensejo e disse: “A greve é um fato social, público e coletivo que objetiva afetar a normalidade, trazer prejuízo e negociar melhorias.”
Greve é direito (CF/88, art. 9º) e, não dever. Só que infelizmente, a teoria se distancia do âmbito pragmático. Nas manifestação muitos gritam, sem saber o porquê. Ficam submersos num paralogismo. Outros, aproveitam para tirar férias. Alunos são prejudicados com o falso reajuste do calendário acadêmico, porém, logo deixarão de ser alunos. Os professores sim, continuarão no circo dos horrores, pois as melhorias da greve tem efeito surrealista.
Qual seria a real solução? A semana abarcou muitos discursos na universidade, entretanto, por sempre ter estudado no ensino público, e possuí certo juízo empírico preconcebido, não consigo enxergar soluções milagrosas com ou sem a greve. Não é pessimismo, é realidade mesmo.
Nada obstante a tudo isso, o futuro da educação continua dependendo de cada um de nós. O tempo por não ser dinheiro, e sim Vida, é precioso por demais. “E não vale a pena ficar, apenas ficar. Chorando, resmungando, até quando? Não...”